Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 300-2 | ||||
Resumo:Num cenário de metodologias de ensino restritas às salas de aula, metodologias baseadas em experimentação constituem uma alternativa para diversificar a prática pedagógica no contexto escolar. A virtualização do ensino, necessários durante a pandemia de Covid-19, agravaram ainda mais as dificuldades na promoção de alfabetização científica, sobretudo na rede pública de ensino. O uso de aulas práticas experimentais contribui para minimizar a sensação de distanciamento entre teoria e prática. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi ofertar aulas práticas de microbiologia básica a alunos do 7º e 8º ano em uma escola pública do município de Manaus-AM, avaliando o relato de experiência dos alunos posteriormente a prática. O conteúdo programático em questão foi “estrutura da célula, tipos celulares, comparação entre eucariontes e procariontes”. Após a fundamentação teórica em sala de aula, os alunos foram levados ao laboratório, onde no primeiro dia observaram células da mucosa bucal coradas com azul de metileno como modelo de célula eucarionte. Neste dia foram ainda coletadas amostras de bactérias associadas as mãos dos alunos. Um Swab estéril, umedecido em água destilada esterilizada, foi atritado contra o dorso da mão de 8 alunos. A seguir, outros 8 alunos foram requeridos a lavar as mãos, secá-las com papel-toalha limpo e foi realizada coleta no dorso de suas mãos. As amostras foram inoculadas em placas de Petri contendo Ágar Nutriente (28 g/L, pH 6,8, KASVI®), incubadas a 36 °C por 24 horas. O segundo dia de atividades consistiu em apresentar aos alunos as placas com o número de unidades formadoras de colônias (UFC) de bactérias, solicitando que os alunos comparassem as placas de “mãos lavadas” e “mãos não lavadas”. Por fim, lâminas de bactérias coradas pelo método de Gram foram observadas pelos alunos ao microscópio óptico, solicitando que as comparassem às células visualizadas no dia anterior. Os alunos relataram a experiência a partir de um conjunto de perguntas sobre o número de UFC nas placas e a forma das células eucariontes e bacterianas. Além das interjeições de surpresa ao longo das aulas, os relatos continham manifestações como “tem bem mais bactéria na mão quando a gente não lava”. Um aluno relatou que “mesmo quando as mãos são lavadas ainda tem bactéria”. Quanto a forma das células, os relatos indicavam que “na célula da boca (eucarionte) dá pra ver o núcleo, enquanto na bactéria só dá pra ver a célula bem pequena”. Houve um relato que destacou, além do tamanho das células, que “as células das bactérias têm várias juntas, já a da boca tem células separadas”. Outro aluno escreveu que “vai ser bem mais difícil esquecer desses assuntos”, corroborando com o efeito positivo que as aulas práticas têm na criação de memória e sedimentação de conhecimento no educando. A reação dos alunos ao longo das aulas, a interatividade destes com a equipe executora do projeto e professores, e a disposição destes em relatar suas experiências são resultados que reforçam a hipótese de que as aulas práticas de microbiologia contribuem de modo eficiente para a sensibilização quanto a hábitos de higiene, para o aumento da motivação do aluno em participar das aulas e para a compreensão geral de biologia da célula, fatos que coletivamente contribuem para uma efetiva alfabetização científica. Mostra-se ainda indispensável que se viabilize a incorporação de aulas práticas experimentais nos currículos e programas escolares. Palavras-chave: Aulas práticas, Microbiologia, Alfabetização científica Agência de fomento:UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - PACE |